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Então, eu quis te tocar... quis a vida e, em minha capacidade fecunda, me fiz a Terra... Depois, te gerei a vida sobre mim.
E fomos, desde então, a dualidade sagrada... A terra e o mato, o sol e a lua, a fêmea e o macho.
Durante séculos, geramos as faces de nossas existência. Cultivamos e abençoamos cada dualidade e sua união sagrada, perpetuamos a trindade divina.
Fomos Isis, Osíris e Horus... Maya, Zeus e Hermes... Bona Dea, Júpiter e Mercúrio... E também fomos nossos próprios filhos, Perséfone, Apolo, Atenas, Lugh...
O tempo passou e, também nele, nós estávamos... Mesmo quando fomos negados por nossa criação, permanecemos... Eu rainha dos céus, portadora do Cálice Sagrado, e tu meu filho e semeador de minha terra...
Dentro de teus templos, fui a Abelha fecunda de tua iniciação. Sempre em busca do equilíbrio, nos fazemos presentes em tudo que geramos, um à espera do outro, um buscando o outro, um nutrindo o outro. Completando o mistério e o rito.
Hoje, somos o ciclo da vida no planeta... Tu, meu filho, sempre renasces com o inverno na eterna dança circular da vida, às vezes, alguém te reconhece e te nomeia... Teus nomes já foram muitos: Krishna, Buda, Mitra, Dionísio Adonis, todos deuses solares do Solstício, todos gerados por minhas faces virginais.
Nosso amor sustentará eternamente o mundo... Quando chegar a hora, irás te entregar em grãos aos nossos filhos e irás te deixar cair em meus braços, pois sentirás o fio de minha lamina a te ceifar. Teu sacrifício será para que todos se nutram.
Farei de teu túmulo meu corpo, assim sentirás a terra se transformando em útero e adormecerás novamente em meu ventre. De tua face, Senhor da Morte, renascerás outra e outra vez, a cada inverno! Pois este é o grande mistério que rege a vida, a eterna dança circular do amor.
Luciana Machado
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